quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Coisas que nunca mudam...Avanços e Retrocessos


Coisas que nunca mudam...Avanços e Retrocessos


*Marília do Amparo Alves Gomes


O Estado tentando resolver seus "problemas sociais" como caso de policia e não com politicas públicas é um exemplo disso...
Os inúmeros aplausos da sociedade brasileira diante da moda da "Internação compulsória" no Rio de Janeiro e São Paulo nos mostra o quanto o problema do uso de drogas merece maior atenção do Estado.
Com a implantação dos CAPS ad - Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, nós, pobres mortais trabalhadores do Sistema Único da Assistência Social, pensávamos e celebrávamos os avanços no tratamento dado aos indivíduos usuários de drogas, o lema do avanço era “ Não ao tratamento longe da família, sim à convivência comunitária”. É de entristecer a situação dos CAPS, que no geral não atende a todos os municípios, os municípios pequeno porte I, não são contemplados com CAPS, nem outros meios de acompanhamento dos usuários de drogas.
A prevenção é de forma precária, não há investimento suficiente na educação, ficando a cargo de ações isoladas dos municípios ações afirmativas para sanar o problema. Os profissionais da Assistência Social e Saúde especialmente de municípios menores, que convivem cotidianamente com as situações dos usuários e familiares, encaminham, fazem contatos, e a resposta é: não tem perfil, não tem vaga, o município não tem perfil pra CAPS.
Sendo assim, havendo apenas pequenos programas de prevenção por meio dos CRAS, sem o suporte necessário, as grandes metrópoles brasileiras aparecem com a solução: INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA, internar sim, se preciso arrastar, levar à força, cenas de varias pessoas para carregar apenas uma. E isso tudo concidentemente em ano de preparativos de eventos com repercussão internacional Copa do Mundo, Olimpíadas, Jornada Mundial da Juventude, e há quem acredite que isso é apenas consciência.
Há aí uma ação higienista, não nova, mas bem remota, me lembra a “Nau dos loucos”, ou as ações manicomiais.
            Não posso acreditar que ações deste tipo objetivam o bem estar dos usuários, sabemos que para a “recuperação” exige ações integradas, e exige também a vontade do individuo. Não me permitindo entrar na área dedicada aos caros colegas psicólogos e psiquiátrias, me contento em dizer que não creio na “recuperação” realizada à força, nem que isso resolva o problema, o que resolve sim, é o apoio às famílias, é enxergar que o uso de drogas é apenas uma face do problema, o que há de se questionar é o que leva ao uso de drogas; que relação tem isso com violência, pobreza, e outras questões;
O grito de socorro não é dado apenas pelos que estão nas cracolândias dos grandes centros, “atrapalhando e sujando” as cidades; o grito é dado também pelos favelados, que não são mostrados, pelos adolescentes à margem, pelos pais e mães de famílias desamparados que vivem miseravelmente.
        

*Marília do Amparo Alves Gomes é Assistente Social,  Especialista em Serviço Social, Saúde e Assistência Social; Militante da Pastoral da Juventude; Pós Graduanda em Políticas Públicas de Gênero e Raça – UFBA.


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